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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Atropelando a Ciência


Muito curioso este artigo.

Na verdade existem vários tipos de mitos:

Mitos urbanos,
Mitos de tempo e eternidade.
Mitos de renascimento e renovação, incluindo os de memória e esquecimento.
Mitos de providência e destino.
Mitos de seres superiores e seus descendentes.
Mitos folclóricos.
Mitos fundadores, onde se explica a origem de um rito, uma crença, uma filosofia, uma cidade ou grupo social.

etc,.

Na ornitologia existem igualmente alguns mitos, os "Mitos Ornitológicos"...

Muitas vezes escutamos e/ou lemos sem interrogar, sem questionar a veracidade das afirmações ou fundamento, etc., muitas delas repetidas vezes sem conta.

Não esclarecemos as nossas dúvidas ou aprofundamos os nossos conhecimentos, simplesmente aceitamos mesmo quando não fazem sentido algum.

Este artigo mesmo que curto, simples, somente com dois exemplos é um bom exemplo disso mesmo, dá que pensar.

Um abraço e Excelentes Criações.

Gonçalo Rocha Santos ( G. Ferreira )


"Se "passeamos" por qualquer cultura, de qualquer país em qualquer continente, encontraremos milhões de informações vindas através de lendas, contos, crendices, fábulas, estórias ou simples "causos".

Dependendo do impacto que a referida informação possa causar, ela pode passar a ser repetida com tanta frequência que, mesmo atropelando a ciência, transforma-se numa "gloriosa verdade", embora totalmente desprovida de qualquer fundamento científico.

E desta técnica de divulgação repetitiva, repetitiva, repetitiva... que se valem algumas agências de publicidade para divulgar certo produto de qualidade duvidosa.

Assim é que uma música de "má qualidade" é divulgada nas emissoras de rádios com tanta frequência que, dentro de pouco tempo nós a estaremos cantarolando, mesmo sem encontrar nela nenhum ponto em comum com nosso gosto musical.

Na ornitologia, como não poderia deixar de ser, muitas informações sem nenhuma base científica, são repetidas com extrema facilidade causando, em alguns casos, um bom prejuízo ao avanço desta ciência, assim como confusão na cabeça dos iniciantes.

Vamos comentar duas delas procurando analisa-las dentro do que se conhece sobre genética.

1a afirmativa: (atribuída a um criador Italiano e bastante divulgada em revista de clubes aqui no Brasil, e principalmente pela internet)

O REPRODUTOR MACHO TRANSMITE: TAMANHO, COR E A QUALIDADE DA PLUMAGEM.

A REPRODUTORA FÊMEA TRANSMITE: TIPO, CABEÇA E FORMA.


Bem esta afirmativa não resiste à menor análise fundamentada na genética já que, TODAS AS CARACTERÍSTICAS CITADAS SÃO DE DOMINÂNCIA INTERMEDIÁRIA significando que, nem o macho nem a fêmea poderá possuir prioridade na capacidade de transmitir nenhuma delas.

Observe que, quando a afirmativa diz - "o macho transmite cor..." - ela atribui ao macho a característica de Dominância Total em relação ao item cor (lipocromo) significando que, independentemente da fêmea (lipocromo fraco, por exemplo), só seriam obtidos filhotes com ótima cor. Será?!! Afirmamos que os filhotes em sua maioria, tenderiam a uma cor intermediária.

Atenção: Veja que o mesmo questionamento poderia ser feito em relação a todos os outros itens da afirmativa.

Para exemplificar o caso acima, vamos montar o seguinte casal de Verdes:


MACHO:

tamanho: dentro do padrão

cor: ótima tonalidade e intensidade

plumagem; ótima (sedosa e aderente)

Porém, com:

cabeça: pequena (de "alfinete")

tipo: estrias finas e pouco negras, envoltura fraca, e com muita feomelanina;

forma: parecida com a de um canário "belga".


FÊMEA:


tipo: ótima marcação de estrias, envoltura negra, pés e bicos negros;

cabeça; ótima

forma: ótima

Porém, com:

tamanho: avantajado

plumagem: fofa e desalinhada

cor: bem fraca

Pelo que sugere a afirmativa que está sendo analisada, nasceriam vários campeões deste acasalamento, não é verdade? Entretanto, para nós nasceria um "monte" de tranqueiras", já que a transmissão genética tende para uma situação média sempre que houver dominância intermediária, que é o caso de todos os itens abordados.


DIVAGANDO:

Este comentário nos trouxe à lembrança a estória de um famoso cientista que, numa festa na qual estava sendo homenageado, foi abortado por uma linda e inconveniente modelo fotográfico que, depois de incomodá-lo bastante saiu-se com esta "pérola" de afirmativa;

-"Imagine se nós tivéssemos um filho com a sua inteligência e a minha beleza?!”
Já bastante aborrecido o cientista respondeu:

-"É verdade. Mas, se tivesse a minha feiúra e a sua inteligência (leia-se burrice) imagine o monstro que teria nascido!!"

2a afirmativa:

ENTRE OS CANÁRIOS, QUANDO UTILIZAMOS REPRODUTORES MACHOS MAIS VELHOS (03 A 04 anos), A QUANTIDADE DE FILHOTES FÊMEAS É BEM MAIOR QUE A QUANTIDADE DE FILHOTES MACHOS."
Esta é outra afirmativa repetida por vários criadores e que também não consegue resistir à mais simples análise científica.

É que entre as aves, definitivamente A FÊMEA É A RESPONSÁVEL PELO SEXO DOS FILHOTES através de seus cromossomos W e Z (chamado de X e Y pela FOB), em nada dependendo do cromosso vindo do macho. Se a fêmea enviar o cromossomo X, o filhote será macho; se enviar o cromossomo Y, o filhote será fêmea.

O macho em qualquer idade, sempre mandará no ato de fecundação, a mesma informação (cromossomo X) para o sexo do filhote, e somente a fêmea terá condições de mandar informações diferentes com relação ao sexo do filhote, definindo qual deles será macho e qual deles será fêmea.

Como esta afirmativa é verdadeira e pode ser lida em qualquer idioma, concluímos que NÃO EXISTE NENHUMA INFLUÊNCIA DO MACHO (de qualquer idade) NO SEXO DO FILHOTE.
Além do mais, os amigos que divulgam esta informação estão também se esquecendo de que, a estatística genética que registra números iguais de filhotes machos e fêmeas para a prole, só tem validade quando é feita para um grande número de ocorrência e não em algumas poucas ninhadas, como em qualquer estudo estatístico.

Por isto, sempre que possível estimularemos seu interesse pela leitura e seu aprofundamento no conhecimento de genética, para que a interpretação dos fenómenos que ocorram em seu criadouro, assim como das informações que você receba, possa ser feita com mais precisão e clareza. Afinal, Genética nunca é demais!


Última Fonte
http://mundo-dos-canarios.blogspot.com/2010/04/atropelando-ciencia.html



Fonte: Eliane Seixas e Gilberto Seixas
Criadores de Canários de Cor
Autores do livros
A Genética das Cores,
Manejo - A Eficiência da Produção e Técnicas de Acasalamento dos Canários
de Cor (co-autor: L. F. F. Beraldi)

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