domingo, 23 de janeiro de 2011
canarios de canto
Respondendo a um leitor
Não é difícil, basta ter método e organização, com um pouco de paciência e obstinação pode-se conseguir um pássaro de bom canto; como queremos. Por oportuno, vamos citar também, revendo e atualizando, trechos do capítulo de nosso livro Criação de Curiós e Bicudos que diz respeito a esse assunto. A melhor forma de ensinar um pássaro a cantar é o método natural, ou seja, com o próprio pai. Essa é a lei da natureza. O pai canta, o filho ouve e aprende, para mais tarde assumir o seu lugar e papel. Nenhum deles nasce sabendo cantar, tem aprender com o pai e seus congêneres. Contudo, isto nem sempre é possível em ambientes domésticos pelos fatores descritos a seguir:
o pai canta feio ou tem defeito no canto;
a produção é em série e o pai só foi utilizado para fecundar o ovo;
o filhote é separado do ambiente do pai; e o ambiente do criadouro não favorece.
Recomenda-se, então, para aprimoramento do canto, o aprendizado via escuta de disco ou fitas gravadas, com pássaros de reconhecida qualidade de canto. Todas as fitas de boa qualidade são editadas, por isso, teoricamente, não se corre o risco de ensinar defeitos ou vícios nos cantos. O ensinamento do melhor canto é um processo que exige muitos cuidados e paciência do criador e deve iniciar-se o mais cedo possível. Lembrando-se que está provado que devemos concentrar nossos esforços quando o pássaro estiver ainda no ninho. Outra fase importante é quando ele começa a abrir o fogo para acasalar. Esses momentos são aqueles em que ele está mais propenso a aprender. Daí, devemos, se possível, retirar a fêmea com o filhote no ninho de locais onde ele possa escutar algum tipo de canto que não queremos que aprenda. Nesse novo local só tocaremos a gravação escolhida. Segundo estudiosos, se analisarmos as aves no estado selvagem, veremos que na época em que estão em bando dos 70 até 5/6 meses de idade não estão propensas a aprender nenhum canto. Estão em fase de muda, fora de seu habitat e até refratárias aos cantos e ruídos diferentes que estão escutando. Não podem aprender porque estariam alterando o dialeto de seu ecossistema, aquela frase musical que sua família ensinou ainda no ninho, bem como sabemos que o pai também não canta nessa época.. Tocando a gravação de forma excessiva e em momentos impróprios, dificultaremos o aprendizado. Isso, também, poderá inviabilizar totalmente que ele aprenda o canto desejado, então, todo cuidado deve ser tomado para não se causar rejeição ao pássaro.
Não se deve ensinar o canto para mais de um filhote de uma vez, notadamente depois que ele começa a ensaiar o canto. Quando há uma bateria de mestre muito grande pode-se, ao contrário, ensinar-se o canto para vários filhotes ao mesmo tempo, porque prevalecerá o dialeto da comunidade, o canto da suposta família.
Muita gente está adotando o sistema de caixa acústica fechadas hermeticamente onde não se escuta o som de fora, só aquele do canto escolhido. Este procedimento tem dado resultados positivos. Consiste num artefado de madeira com paredes duplas e isopor no meio, dois orifícios na parte debaixo para entrada de ar, dois orifícios na parte de cima para saída do ar. Na parte da frente colocar um vidro duplo transparente. Muito interessante, também para abrigar nesse local, a gaiola de qualquer pássaro, inclusive de galadores de má qualidade de canto. Como é muito difícil que tenhamos pássaros mestres de canto perfeito e completo, o melhor é que o aprendiz só escute o som do disco ou fita da melhor gravaçào possível. Assim, a probabilidade do aprendizado aumenta muito.
Todavia, nunca se tem a certeza se o pássaro irá aprender o canto ministrado. Às vezes, aprende só algumas partes. A título de informação, há ainda o fator “código genético”, influência da natureza que produz espécimens responsáveis pelo dialeto de sua família, e que nunca migrarão, só se forem forçados. Esse tipo de pássaro tendo escutado algum tipo de canto no ninho, nunca mais mudará uma nota sequer, é bom lembrar sempre disso.
Alguns criadores reclamam que os pássaros criados domesticamente tem apresentado uma voz deficiente e pouco natural. Acusam a continuada reprodução como culpada disso. O que não é verdade. Nós mesmos é que estamos causando essa falha. O som caminha a 300 metros por segundo. Em um ambiente fechado, notadamente onde haja acentuada reverberação por causa das paredes, do teto e do piso, as notas carregam sons umas das outras e ficam sibilando. O filhote aprendiz não entende a frase musical e começa a cantar musicado, com ressonância, com sons ininteligíveis e tudo quanto é impropriedade. É horrível, mesmo para nós, escutar um pássaro em locais muito reverberados. O pior é que justamente aqueles filhotes que aprenderam musicado seriam os melhores, porque tiveram a inteligência de representar aquilo que estavam ouvindo: um som reverberado e de difícil comprensão. Na natureza existe também os obstáculos para o som; árvores, rios e relevo o que faz aparecerem pássaros com canto metálico ou flauteado moderados. Qualquer pássaro, se for sadio, terá voz característica, pelo menos aquela natural de sua espécie ou subespécie, nem mais nem menos. Lógico que, quanto maior e mais forte mais capacidade mais força terá a ave para emitir o som. Não podemos, com certeza, dizer que os pássaros criados com o passar do tempo estão perdendo a voz. Estão aí centenas deles, campeões, a provar que isso não é verdade. Depende, especialmente, do cuidado que o criador tem com a questão da reverberação. .
Outro item importante é a escolha do material sonoro, o disco, de preferência CD, e a fita devem ser de boa qualidade, sob pena de produzirmos pássaros de também irão emitir cantos com um timbre artificial. Já vimos pássaros que reproduziam até o ruído arrastado emitido pela fita K7. Muito importante também é a qualidade dos materiais, especialmente os alto-falantes. Devem reproduzir sons médios e agudos. Bicudos, canários-da-terra e curiós cantam na frequência de 1500 a 7.000 hertz, o portamento, os harmônicos podem chegar até a 18.000 hertz. Portanto, devemos utilizar alto-falantes que abrangem essa faixa de frequência. Muito bom e de baixo preço é o “tweeter” WRT-95 da Leson. Ele reproduz de 1500 hertz a 20.000 hertz com muita fidelidade que abrange as frequências para o canto de curió; já para os bicudos é preciso alto falantes que inicie a emissão de sons a 400 hertz. Temos que ter o máximo cuidado com a escolha do local do alto-falante estará por causa do reverbe. Às vezes é melhor que estejam virados para o lado de fora da casa.
Outro recurso tecnológico importante, embora ainda não muito utilizado, é o “efeito stereo” . É utilizar-se da propriedade da emissão de sons dos dois canais separadamente. Enquanto o “left” canta o “right” espera e vice-versa. Esse procedimento permite que se utilize dois ou mais alto-falantes no mesmo equipamento o “canta responde” , isto é representar a natureza. O pai canta e o suposto rival da comunidade responde. Só que a gravação originalmente deve estar desse jeito. Uma boa forma é colocar um alto-falante perto, nesse o mestre não repetirá, só três cantos. Já no alto-falante que estiver mais longe o mestre canta com 6 cantos. O que o pássaro precisa aprender é o dialeto. Não pode haver, pela lógica, nenhum problema que ele escute dois ou mais pássaros ou gravações de pássaros diferentes que cantem de forma idêntica o mesmo canto.
Pode-se fazer isso com conjuntos de som diferentes mas ficaria muito mais dispendioso. Reproduza a natureza, o pai canta, o tio responde acolá, e outro parente responde lá longe e assim todos os congêneres perfazendo todo o ambiente. Essa forma, sem dúvida, é a melhor para ensinar o canto escolhido com mais segurança de sucesso.
O mesmo método adotado para filhotes pode ser usado pra se tentar ensinar ou retirar defeito no canto de pássaros adultos, principalmente alguns tipos de bicudos que por serem nômades mudam de dialeto com facilidade.
A existência de gravações está sendo o principal motivo do incremento das atividades dos criadores, porque possibilitou a todos o ensinamento dos melhores estilos, os cantos de campeões aos filhotes produzidos, socializando e permitindo a participação de todos que quiserem no processo.
Existem fitas que para tocá-las melhor utiliza-se o auto-reverse, que retorna tocando o verso e o anverso de forma continuada. Para o CD se deve usar a mesma técnica através da tecla repeat. O CD produz o melhor som e não se deteriora com facilidade. O volume do som produzido terá que se o mais próximo do natural possível e será como se fosse um pássaro cantando. É indispensável também, a utilização do temporizador timer, equipamento que tem a propriedade de desligar o som periodicamente. Tocar direto meia hora antes de clarear o dia até meia hora depois e da mesma forma antes do entardecer. Nos outros períodos diários o ideal seria 15 minutos tocando por 2 horas desligado. Existe no mercado timer com célula fotoelétrica que só liga quando há claridade.
Atentar para afastar os ninhos de pardal perto do criadouro, porque é muito comum os filhotes aprenderem trinados característicos desses pássaros. Observar vizinhos que detenham outros pássaros, principalmente o canário do reino que muito prejudica o aprendizado. Temos tido notícias, no entanto, que muitos filhotes tem aprendido a cantar o dialeto desejado em ambiente onde haja vários tipos de pássaros diferentes. Por uma questão de instinto ele selecionará e saberá distinguir qual é o canto que deve aprender. É bom não arriscar, todavia.
Como vimos, o pássaro de canto de qualidade tem que ser tratado com cuidado especial, não se pode deixá-lo duetar/disputar canto à vontade. Isso só pode ser feito se o outro tiver um canto igual ou muito parecido. Quando tivermos um pássaro bom de canto é salutar que se grave o respectivo canto e, através de um bom material sonoro, se toque sistematicamente o próprio canto para ajudar a fixar o dialeto.
E a repetição, de que adianta todo o trabalho exposto acima se o pássaro não é repetidor para bicudo e curió e se canta comprido para o canário-da-terra. . Se não repetir ou cantar comprido não vale a pena. Essa é outra questão muito complicada, é genético o filhote já carrega fatores hereditários que irão possibilitar essa característica. Não temos conhecimento, por enquanto, de nenhum estudo científico que possa comprovar qual o melhor método para se realizar a reprodução para obter-se pássaros repetidores. O que se sabe é que uma determinada fêmea gera filhotes repetidores com qualquer macho, ou vice-versa um determinado macho gera filhotes repetidores com qualquer fêmea. Ou um determinado casal gera filhotes com essa característica. Escolher um filhote de famílias de repetidores já é um bom caminho. No caso do curió, há criadores, como o Marcílio Picinini e muitos outros que estão há 20 anos cruzando repetidores com repetidores. Daí o caminho só pode ser adquirir pássaros de criadores que tem esse tipo de preocupação com seus reprodutores. Além de ser proibido, não se deve nem falar em pássaros silvestres, que além de não se saber a origem seria de se fazer inúmeros testes para se ter consciência que são de famílias de repetidores ou não. Seria uma perda enorme de tempo e de recursos. Ainda bem, esse fato tem ajudado bastante no desinteresse de especimens capturados. Como dissemos a grande verdade é que a busca do melhor canto tem incrementado a atividade de reprodução de pássaros de forma decisiva. Graças a essa particularidade, se pode sentir o trabalho de uma legião de aficionados objetivando produzir pássaros nacionais no afã de obter êxito no aprendizado do melhor canto em seus filhotes.
http://canariosdaterra.blogspot.com/
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