terça-feira, 24 de novembro de 2009
Colhereiros
Platalea ajaja
Classificação: Ordem Ciconiiformes, Família Threskiornithidae
Nome em inglês: roseate spoonbill
Tamanho: 87cm
Voz: grunhidos e grasnados
Vive em praias lamacentas e em manguezais. Aos bandos, procura alimento em pontos de pouca profundidade, mergulhando e sacudindo a "colher" do bico lateralmente, peneirando a água; apanha pequenos peixes, moluscos e crustáceos, cracas e principalmente larvas.
Bibliografia
Sick, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Volume Único, Editora Nova Fronteira.
Fonte: www.informaves.hpg.ig.com.br
Colhereiro
Este mês de Setembro escolhi como ave do mês uma curiosa ave a que chamamos de colhereiro. O seu nome deve-se principalmente à ponta do seu bico, que tem a forma de uma espátula (daí o nome espanhol, 'espátula', pois realmente não se parece nada com uma colher).
Comecemos pela classificação e características físicas:
Classificação Taxonómica
Reino: Animalia (animais)
Filo: Chordata (Cordados)
Classe: Aves (aves)
Ordem: Ciconiiformes (aves com formato de cegonha)
Família: Treskiornithidae (íbis e colhereiros)
Género: Platalea (colhereiros)
Espécie: leucorodia (colhereiro-comum - Platalea leucorodia)
O colherereiro é, de modo geral, fácil de identificar. A sua cor é principalmente branca, com pescoço comprido, ganhando algumas manchas de outras cores muito ténues na época nupcial. As patas e o bico são pretos. Durante a época nupcial, ganha um penacho branco na cabeça como as garças e a 'espátula' do bico fica com a ponta amarela, o que com um telescópio é bem fácil de ver. De forma geral, quando voa também é inconfundível.
A silhueta branca com patas e bico pretas chama a atenção para uma garça-branca, mas se olharmos paro bico, mesmo em voo é fácil perceber que tem uma forma estranha. Os juvenis apresentam as pontas das asas pretas.
Os colhereiros comem um pouco de tudo, incluindo vegetais, rãs e na sua maioria insectos e larvas que apanha realizando movimentos ceifantes (um comportamento característico deles) com o bico nas lamas ou em águas muito pouco profundas. Os colhereiros, tal como as garças com que por vezes convivem, fazem ninhos em colónias nas copa de árvores próximas de zonas aquáticas, chegando a constituir por vezes plataformas de ninhos unidas.
Em Abril, põem normalmente cerca de 4 ovos manchados, que são incubados durante 25 dias, atingindo a cria a emancipação aos 50 dias. Por causa deste modo de nidificação os colhereiros gostam de todo tipo de zonas húmidas de baixa altitude e junto à costa, e quando é para nidificarem, zonas húmidas com árvores de tamanho considerável.
O colhereiro é uma ave de distribuição bastante alargada. A sua área de nidificação abrange a parte mais a leste do Sul e Interior da Europa, estando apenas ausente na Europa do Norte, e estende-se pela Ásia Central e Índia até à China (mas quase três quartos da população mundial reproduzem-se na Europa). Para invernar migra para áreas do Norte de África.
O colhereiro é uma daquelas aves que em Portugal são observáveis todo o ano, não porque são residentes, mas porque existem tanto populações nidificantes (das poucas da Europa Ocidental) como invernantes (que invernam a norte do habitual). Como nidificante, existem algumas colónias no Escaroupim, Paúl do Boquilobo e até na Ria Formosa (Ludo e Sapal de Castro Marim). O melhor sítio para observar uma colónia de colhereiros é mesmo Escaroupim, um antigo porto de pesca avieiro no Tejo, do lado de Salvaterra de Magos, à frente do qual está um pequeno mouchão densamente povoado por vegetação. Mas a vegetação não é a única coisa. Aqui vive a mais diversa colónia de ciconiiformes em conjunto de Portugal, em que convivem dezenas de garças de várias espécies, íbis-pretas e colhereiros. Por outro lado as populações invernantes são mais numerosas, sendo a Lagoa de Santo André, os Estuários do Tejo e do Sado e a Ria Formosa os melhores locais para os ver. Ocasionalmente os colhereiros ocorrem em açudes do interior alentejano. Eu próprio só vi colhereiros três vezes: no Zambujal, no Estuário do Sado; na Ponta da Erva, no Estuário do Tejo e na Barroca d'Alva, no Estuário do Tejo (tudo indivíduos invernantes, mais provavelmente).
O colhereiro está classificado como 'Vulnerável' em Portugal, contudo as populações da Europa Ocidental estão a enfrentar um ligeiro aumento, contrariamente ao grande declínio que ocorre no resto do mundo. As colónias desta espécie, tal como as de garças, são extremamente sensíveis à perturbação humana (lembre-se o caso do Açude da Murta), devendo-se sempre evitar aproximações nestas zonas. Todas as populações de colhereiros se encontram seriamente afectadas pela má gestão das zonas húmidas, com destaque para o Estuário do Tejo, a Ria Formosa e o Paúl do Boquilobo. Neste último caso, eu considero que as pessoas não podem proteger certas espécies se não as conhecerem, e por isso acho bastante útil a criação de observatórios camuflados que permitissem a observação das colónias de aves sem as perturbar, entrando assim na Área de Protecção Total apenas de modo controlado. Por outro lado, existem zonas importantes para a espécie que não beneficiam de um estatuto de área protegida, caso da colónia de Pero Pião, perto de Évora, ou da Ria de Aveiro, da Lagoa dos Salgados e da Ria de Alvor.
Por fim, menciono as outras espécies de colhereiros do mesmo género:
Colhereiro-africano (Platalea alba)
Este colhereiro em vez de apresentar as patas e o bico pretos apresenta-os vermelhos, habita em zonas húmidas do interior africano e terras baixas de Madagáscar, por toda a África a sul do paralelo 17º N (tirando as regiões áridas).
Colhereiro-australiano - (Platalea regia)
Muito parecido com o colhereiro-comum mas habita as zonas húmidas da Austrália.
Colhereiro-asiático - (Platalea minor)
Também muito parecido como colhereiro-comum mas com populações seriamente ameaçadas nas costas da China e da Coreia.
Colhereiro-de-bico-amarelo - (Platalea flavipes)
Também vive na Austrália, mas prefere zonas húmidas interiores e tem o bico com uma cor amarelada
Fonte: ninhodeobservacoes.blogspot.com
Imagem do google
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