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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Aves nordestinas estão ameaçadas de extinção

O mutum de Alagoas e o macuco do nordeste estão entre as 24 espécies de aves mais ameaçadas de extinção no Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). Completamente desaparecido das reservas de Mata Atlântica de Alagoas, o mutum (Mitu mitu mitu) e a ararinha azul estão entre as aves mais raras do mundo. Outras espécies, como pintor sete cores (Tangara fastuosa), o cara-pintada (Phylloscartes ceciliae) e o zabelê (Terenura sicki), aves endêmicas da Mata Atlântica do Nordeste e encontradas em Alagoas também estão ameaçadas de extinção.

O presidente do Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA), Fernando Pinto, afiram que o mutum já nas existe mais nas matas alagoanas, e o os últimos exemplares da espécie só são encontrados hoje criados em cativeiro, nos Criadouros Científico Crax e Poços de Caldas, ambos em Minas Gerais. "Hoje existem criados em cativeiro cerca de 66 ararinhas-azuis e em torno de 57 mutuns", explica Fernando, acentuando que a reprodução do mutum em cativeiro é muito difícil. "Já se vem pensando em realizar inseminação artificial para conseguir fazer a reprodução da espécie em cativeiro".





A caça e o desmatamento nas reservas de Mata Atlântica em Alagoas são apontados como as principais causas do desaparecimento do mutum. Esse processo se acelerou com a implantação do Programa Pró-álcool, na década de 70, quando a ave desapareceu por completo dos municípios de São Miguel dos Campos e Roteiro, já que as matas sumiram para dar espaço ao plantio da cana-de-açúcar.

Reprodução

 Em 1978, o cientista Pedro Nardelli estimava a existência de pelo menos 60 exemplares do mutum. A previsão é que se tudo der certo, dentro de 10 anos os primeiros exemplares da espécie reproduzidos em cativeiro estejam sendo reintroduzidos nas áreas de preservação da Mata Atlântica em Alagoas. "Existe todo um trabalho em Alagoas desenvolvido pelo IPMA e seus parceiros - que envolve 25 usinas de cana-de-açúcar - principalmente da área originária do mutum, como as usinas Guaxuma e Coruripe, investindo na preservação das áreas de mata atlântica, para que esses exemplares criados em cativeiros sejam reintroduzidos na mata", explica Fernando Pinto.

Na área com um total de 9 mil hectares serão criados corredores de ligação entre as faixas de mata, onde serão desenvolvidos projetos de conscientização dos alagoanos, no sentido de resgatar a espécie. "Estamos, inclusive, lançando uma campanha cujo slogan é: "Vamos trazer esse alagoano de volta", observa. A idéia de Fernando Pinto é criar em Alagoas um Observatório de Aves, onde as pessoas possam conhecer de perto as espécies que habitam nossas matas e estão em vias de extinção, como é o caso do mutum. "é muito difícil preservar aquilo que não se conhece. Por isso, a idéia de criação do observatório de aves". A Usina Serra Grande, em São José da Laje, primeira a montar a parceria como IPMA há cinco anos, é uma das que dão apoio ao projeto.

Na luta para preservar o mutum, o IPMA conta, ainda, com apoio de outros parceiros como a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), o Ibama, os Criadouros Crax e Poços de Caldas e o Departamento de Fauna em Brasília. O mutum é, inclusive, a ave símbolo do instituto, dando o significado do resgate do meio ambiente alagoano. A situação do mutum em Alagoas esteve em discussão durante o Congresso Nacional de Ornitologia, ocorrido em julho, em Brasília.

Para chegar à fase adulta o mutum leva quatro anos, mas vivendo nas matas sua longevidade pode chegar a 40 anos. Se assemelha a uma galinha, sendo que o macho é preto de abdome branco e cerca do bico vermelha.

O macuco


O macuco do Nordeste (Timanus solitarius pernambuscenis) é uma subespécie, originária da Mata Atlântica, que corre o risco de ter o mesmo destino do mutum, desaparecendo completamente das matas alagoanas. O único lugar em que ainda é possível observar alguns exemplares da ave é em Murici, por causa do difícil acesso na mata alta. "Na região sul do Estado, não há notícias de macuco há pelo menos 15 anos", afirma Fernando Pinto, presidente do Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA).

Fernando salienta que, assim como o mutum, as principais causas para o desaparecimento do macuco são a caça e o desmatamento. "Os caçadores utilizam um apito que atrai as fêmeas na época de reprodução", observa Fernando. Um motivo de preocupação para o ambientalista é que não existe absolutamente nenhum programa de preservação da ave e para sua criação em cativeiro, considerada também muito difícil. "Como está havendo uma atuação mais rigorosa do Ibama em relação ao comércio de pássaros, e se houver preservação das reservas de Mata Atlântica, talvez a própria natureza se encarregue de reproduzir exemplares da espécie", observa.

Inconfundível


Especie ameaçada de extinção, o macuco, ave de cor e tamanhos inconfundíveis, cujas fêmeas são bem maiores que os machos, tem como habitat florestas tropicais e subtropicais. Aparentemente raro em várias regiões do País, por causa da caça da destruição das matas, o macuco, que ainda aparece com razoável freqüência no Parque Nacional, gosta de mata limpa, porém, pode ser encontrado em áreas acidentadas e locais de difícil acesso, como a Serra do Mar.

O macuco pode viver até 14 anos em cativeiro. Na mata, o macho se encarrega de escolher um lugar e construir o ninho. A fêmea põe de 6 a 14 anos ovos, todos verde-turquesa. O período de incubação é de 19 dias. Sementes, frutas, insetos e ocasionalmente sapos, são os alimentos prediletos dessa ave que procura comida entre as folhas.

Fonte da Pesquisa:http://www.premioreportaje.org/
Imagem do google:

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