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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Aves canoras


Estudo publicado na «Science» diz que os passarinhos balbuciam como bebés
Cientistas do MIT investigam mecanismos de aprendizagem



As aves canoras praticam incessantemente
As aves canoras jovens balbuciam como bebés antes de conseguirem imitar um adulto. A conclusão é de um estudo conduzido por cientistas do MIT que descobriram que, afinal, o primeiro momento de aprendizagem não é assim tão diferente entre aves e humanos. No artigo publicado ontem pela revista científica "Science", a equipa revela que as aves canoras jovens e as adultas utilizam caminhos cerebrais diferentes no que diz respeito ao canto.

"O balbuciar durante a aprendizagem do canto exemplifica um comportamento de exploração ubíquo mas que é essencial para aprendizagem por tentativa e erro", explica Michale Fee, autor sénior do estudo e neurocientista no Instituto McGovern do MIT, nos Estados Unidos.

Segundo os investigadores, as aves canoras praticam incessantemente até conseguirem produzir o som estereotipado dos adultos. "Esta variação inicial é necessária para que haja aprendizagem. Quisemos determinar se era produzida por um caminho cerebral adulto imaturo ou por um circuito diferente", sublinhou o Fee.

Os cientistas analisaram o mandarim, uma ave de pequeno porte que pode ser avistada em Portugal. Estudos prévios tinham revelado que esta espécie tinha dois circuitos cerebrais distintos dedicados ao canto, um associado à aprendizagem e outro, conhecido por circuito motor, dedicado à reprodução do som aprendido.

Segundo os investigadores, se ocorressem algum problema no primeiro circuito enquanto a ave estivesse em processo de aprendizagem, o canto ficaria para sempre na fase de imaturidade. No entanto, desactivar o circuito de aprendizagem numa ave adulta não teria qualquer efeito na capacidade de canto.

Os cientistas partiram do pressuposto de que o circuito motor teria uma importância semelhante na produção do canto mas não havia até aqui nenhum estudo que demonstrasse esta teoria. Na investigação agora divulgada, a equipa adaptou técnicas já existentes para desactivar temporariamente partes do cérebro do mandarim e registar actividade neuronal num espécime adulto.

Resultados surpreendentes


Quando a equipa desactivou a parte do circuito motor conhecida por HVC nos espécimes jovens, os passarinhos continuaram a cantar, o que queria dizer que tinha de haver outra região do cérebro responsável pelo balbuciar.

Os investigadores suspeitaram então que uma componente chave no circuito de aprendizagem, designado por LMAN, tivesse uma função desconhecida ao nível da função motora e demonstraram-no ao verificar que, desactivando-o, os pequenos mandarins paravam de balbuciar. "Isto diz-nos que o canto é conduzido por dois circuitos motores diferentes, nas diferentes fases do desenvolvimento", explicou Dmitriy Aronov, primeiro autor do estudo.

Os cientistas perguntaram então o que aconteceria ao LMAN na idade adulta, depois de as aves terem aprendido o canto. Ao contrário do que se pensava, os autores do estudo descobriram que este mantém a capacidade de produzir o balbuciar mesmo quando a ave já apreendeu os comportamentos adultos.

Para Michale Fee, este estudo pode aplicar-se a outros comportamentos imaturos, tanto em aves como nos humanos. "Nas aves, a fase exploratória termina quando a aprendizagem fica completa", disse. "Mas nós, humanos, podemos estar sempre a invocar o nosso equivalente ao LMAN, o córtex pré-frontal, para ser inovadores e aprender novas coisas", acrescentou.

Fonte Pesquisas e Imagem
http://www.cienciahoje.pt

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